Panis et Circensis

Este é o nome da obra tropicalista que, durante o período da ditadura militar brasileira, fez analogia à política de César que tinha o objetivo de satisfazer o povo dando-lhe comida e diversão (pão e circo) para limitar assim o poder de crítica e contestação do povo frente às questões políticas, sociais e econômicas que eram convenientes ao então Imperador.

Por que eu me lembrei disso? Porque cheguei à conclusão de estamos realmente ferrados. Considerando que a tática secular do “pão e circo” tenha funcionado, explica-se assim a apatia de nossa sociedade. Só que do tal “pão e circo” também não temos visto lá grande coisa. Do “pão”, acho que não preciso nem falar. É “chover no molhado”, “ensinar missa ao vigário” e tantas outras expressões populares. É carga tributária, inflação dissimulada, desvio de verbas, corrupção generalizada, é tanta coisa que só sobram as migalhas do pão dormido. Mas estamos acostumados a isso, não é mesmo? Damos um jetinho aqui, aperta dali e seguimos em frente.

Mas aí eu me pergunto, e o “circo”? Cadê a parcela de diversão? Seria o Esporte? Lamento informar, mas tá difícil. Alguém me explica o que é a federação carioca de futebol (em letras minúsculas mesmo porque tal instituição definitivamente não existe, logo não demanda nomenclatura diferenciada)? Até quando o futebol carioca vai ser essa vergonha? Não sobra um time ileso a mal resultados e escândalos. Cartolas intragáveis e asqueirosos. Infelizmente esse privilégio não é só do Rio de Janeiro. Cutuca-se um pouquinho e vamos encontrar fácil um rabo preso sendo revelado em qualquer canto do país. A bola da vez na sinuca dos escândalos é o Corínthians. O ventilador cheio de caquinha (para não falar outra coisa) está soprando para cima de todo mundo que algum dia pisou no Parque São Jorge. Mas pera lá! E no mundo? Ora, o futebol italiano teve seu inferno astral em 2006, salvo apenas pelo sucesso da azurra da copa do mundo. Sem falar na tristeza de ver jogadores do mundo todo morrendo na TV, caindo em campo, e ter que engolir que os clubes não sabiam que eles tinham alguma disfunção. Ou seja, falar de futebol ultimamente tem sido repetir escândalos e resultados xinfrins. Tristeza…

E não acaba por aí. A coisa podre está se alastrando também por esportes milionários de verdade, aqueles ditos de “alta desempenho e perfomance”. Caiu na “boca de matilde” o caso de espionagem da McLaren e a subseqüente decisão da FIA sobre o assunto. Eu mesma, que me graduei especialista no tema, posso afirmar categoricamente que ainda ficou caroço embaixo desse angu. E o New England’s Patriots? Não está sabendo? Pois é, até no futebol americano (que tem a NFL cuja fama é de ser a liga mais rigorosa do planeta) rolou barraco. E não estou me referindo ao jogador que promovia brigas de cachorros (esse é o Michael Vick do Atlanta Falcons) mas do time de Tom Brady (o namorado bonitão da Gisele B.) que também envolveu-se com espionagem (o time, não o Tom), por filmar os códigos da defesa de um de seus adversários, no caso, o New York Jets. O Técnico teria usado esse know-how duvidosamente adquirido, no prórpio confronto direto contra os Jets e, comprovado isso, a coisa ficou feia. Barato não saiu. Mas a grande questão é que o Patriots, assim como a McLaren, são consideradas as equipes f*donas da temporada e não teriam porque fazerem isso. Mas do que nós entendemos, não é mesmo?

Futebol, Football ou Fórmula 1, a questão é que ficou tudo milionário demais pra ser circo somente. Dizem que “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte” mas está dificilíssimo conseguir qualquer uma delas. Do pão, mal temos migalhas e do circo, só vejo os palhaços. E eles, mais do que nunca, me dão medo.

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