Pensamentos multifacetados

Tá nO Globo: Brasileiros batem marca de 14 horas mensais de navegação na Internet. Segundo a reportagem, somos superados apenas pelos japoneses que ficam 15 horas e meia na internet. Se pararmos para fazer as contas, são 30 minutos por dia. Eu ainda não concluí se isso é muito ou é pouco. Quem tem banda larga fica mais tempo na rede, pouca coisa, e tende a freqüentar mais sites de comércio eletrônico e finanças do que os demais usuários, ainda segundo o estudo no qual se baseia a reportagem. O que mais me chamou a atenção no entanto, foi uma notinha despretensiosa no final: “sites de conteúdo audiovisual de portais como Terra, Globo e UOL estão bem posicionados, com mais de 80% dos visitantes em banda larga”. Se estes acessos são espontâneos, é sinal de que o território livre da internet acabou por se “corporativar”, ou seja, as pessoas continuam absorvendo apenas as informações que vêm dos grandes conglomerados de mídia, ignorando outras fontes de informação, outras formas de passar uma mesma informação. Lamentável, porque desta forma não há questionamento ou contestação. Não há formação de pensamento crítico. Animemo-nos! Existe uma outra hipótese: lembremos que estes “sites de conteúdo audiovisual” são também, nada mais, nada menos que os mais populares provedores de acesso de baixo custo do mercado. Sendo assim, tais acessos não são espontâneos e, não necessariamente, as pessoas absorvem automaticamente o conteúdo por eles disponibilizado. O alto número de acessos deve-se, principalmente, à obrigatoriedade à que os assinantes se submetem de iniciar a navegação por uma destas páginas, afinal tá configurado assim, né? Ufa, nem tudo está perdido!

Ainda sobre internet, fica aqui uma indicação: o site Quatrocantos.com mantém uma lista de artigos sobre verdades, meias verdades, lendas, mitos e pulhas na internet, sejam elas divulgadas na própria web ou aquelas que adoram entulhar nossas caixas de e-mail (aquelas dúzias de e-mails sobre substâncias perigosas, autores famosos de textos duvidosos e os últimos e superpoderosos vírus que nem a Microsoft conseguiu evitar). O Quatrocantos.com não faz exatamente investigações. Apenas mantém suas portas abertas à lógica. Vale a pena.

E hoje me deu uma saudade infinita de alguma coisa…. Conseqüentemente lembrei de Vinícius.

Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu,
Porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

(Vinícius de Moraes)

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